CONDIÇÕES DE TRABALHO NO ÂMBITO DOS
PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM
CONTRATAÇÃO DE APRENDIZES
CONTRATO DE APRENDIZAGEM
PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM
INSPENÇÃO DE TRABALHO
FISCALIZAÇÃO
Instrução Normativa SIT nº 97, de 30/07/2012 (DOU 1 de 31/07/2012)
Dispõe sobre a fiscalização das condições de trabalho
no âmbito dos programas de aprendizagem.
A
Secretária de Inspeção do Trabalho, no uso da competência prevista no inciso
XIII do art. 14, do Anexo I do Decreto nº 5.063, de 3 de maio de 2004, que
aprovou a estrutura regimental do Ministério do Trabalho e Emprego,
Resolve:
Art.
1º Estabelecer diretrizes e disciplinar a fiscalização da aprendizagem prevista
no Capítulo IV do Título III da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, em conformidade com
o disposto no Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005 e com a Portaria nº
723, de 23 de abril de 2012.
Seção
I
Da
Obrigatoriedade de Contratação de Aprendizes
Art.
2º Conforme determina o art. 429 da CLT, os estabelecimentos de qualquer
natureza são obrigados a contratar e matricular aprendizes nos cursos de
aprendizagem, no percentual mínimo de cinco e máximo de quinze por cento das
funções que exijam formação profissional.
§ 1º
Na conformação numérica de aplicação do percentual, ficam obrigados a contratar
aprendizes os estabelecimentos que tenham pelo menos sete empregados
contratados nas funções que demandam formação profissional, nos termos do art.
10 do Decreto nº 5.598, de 2005, devendo ser respeitado o limite máximo de
quinze por cento previsto no art. 429 da CLT.
§ 2º
Entende-se por estabelecimento todo complexo de bens organizado para o
exercício de atividade econômica ou social do empregador, que se submeta ao
regime da CLT.
§ 3º
São incluídas na base de cálculo do número de aprendizes a serem contratados o
total de trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções
demandem formação profissional, independentemente de serem proibidas para
menores de dezoito anos, excluindo-se:
I - as
funções que, em virtude de lei, exijam formação profissional de nível técnico
ou superior;
II -
as funções caracterizadas como cargos de direção, de gerência ou de confiança,
nos termos do inciso II do art. 62 e § 2º do art. 224 da CLT;
III -
os trabalhadores contratados sob o regime de trabalho temporário instituído
pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1973; e
IV -
os aprendizes já contratados.
§ 4º
As funções e atividades executadas por terceiros, dentro dos parâmetros legais,
serão computadas para o cálculo da cota cabível à empresa prestadora de
serviços.
Art.
3º Estão legalmente dispensadas do cumprimento da cota de aprendizagem:
I - as
microempresas e empresas de pequeno porte, optantes ou não pelo Regime Especial
Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional.
II -
entidade sem fins lucrativos que tenha por objetivo a educação profissional e
contrate aprendizes na forma do art. 431 da CLT.
Parágrafo
único. As microempresas e empresas de pequeno porte que contratem aprendizes
devem observar o limite máximo de quinze por cento estabelecido no art. 429 da
CLT.
Seção
II
Do
Contrato de Aprendizagem
Art.
4º O contrato de trabalho de aprendizagem possui natureza especial e tem por
principal característica, segundo o art. 428 da CLT, o compromisso de o
empregador assegurar ao maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos,
inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e do aprendiz
de executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.
Art.
5º O contrato de aprendizagem deve ser pactuado por escrito e por prazo
determinado, e para sua validade exige-se:
I -
registro e anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS;
II -
matrícula e freqüência do aprendiz à escola, caso não tenha concluído o ensino
médio;
III -
inscrição do aprendiz em programa de aprendizagem, desenvolvido sob a
orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica,
quais sejam:
a)
entes do Sistema Nacional de Aprendizagem;
b)
escolas técnicas de educação; e
c)
entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a assistência ao
adolescente e à educação profissional, devidamente inscritas no Cadastro Nacional
de Aprendizagem e registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente CMDCA, quando atender a menores de dezoito anos;
IV -
programa de aprendizagem desenvolvido em conformidade com as diretrizes da
Portaria nº 723, de 2012;
Parágrafo
único. A falta de cumprimento dos itens I a IV e demais normas que regulamentam
a aprendizagem descaracteriza o contrato de aprendizagem e importa a sua
nulidade, estabelecendo-se vínculo com o estabelecimento que deve cumprir a
cota, conforme disposto no art. 18.
Art.
6º O contrato de aprendizagem poderá ser firmado por até dois anos, com
correspondência obrigatória ao programa constante do Cadastro Nacional de
Aprendizagem e deverá indicar expressamente:
I - o
termo inicial e final, coincidentes com o prazo do programa de aprendizagem,
exceto quando a contratação ocorrer após o início das atividades teóricas,
podendo o empregador, neste caso, providenciar o registro retroativo;
II - o
programa em que o aprendiz está vinculado e matriculado, com indicação da carga
horária teórica e prática, e obediência aos critérios estabelecidos na Portaria
nº 723, de 2012;
III -
a função, a jornada diária e semanal, de acordo com a carga horária
estabelecida no programa de aprendizagem, o horário de trabalho; e
IV - a
remuneração pactuada.
Parágrafo
único. O prazo máximo de dois anos do contrato de aprendizagem não se aplica às
pessoas com deficiência, desde que o tempo adicional seja, nesses casos,
fundamentado em aspectos relacionados à deficiência, vedada em qualquer caso a
contratação de pessoa com deficiência na qualidade de aprendiz por prazo
indeterminado.
Art.
7º A contratação de aprendizes por entidades sem fins lucrativos que tenham por
objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, conforme
faculdade prevista no art. 431 da CLT, exige a formalização prévia de contrato
ou convênio entre o estabelecimento que deve cumprir a cota e a entidade.
§ 1º
Na hipótese de contratação indireta prevista no caput, a entidade sem fins lucrativos
assume a condição de empregador de forma simultânea ao desenvolvimento do
programa de aprendizagem, cabendo-lhe:
I - o
cumprimento da legislação trabalhista em sua totalidade e no que concerne à
aprendizagem;
II -
assinar a Carteira de Trabalho e Previdência Social do aprendiz e anotar, no
espaço destinado às anotações gerais, informação de que se trata de contratação
decorrente de contrato firmado com estabelecimento para fins de cumprimento de
sua cota;
III -
promover o desenvolvimento do programa de aprendizagem constante do Cadastro
Nacional de Aprendizagem;
§ 2º O
estabelecimento, na contratação indireta, obriga-se a proporcionar a
experiência prática para a formação técnico-profissional do aprendiz e em
ambiente adequado, com atenção ao disposto no art. 9º.
§ 3º O
contrato ou convênio mencionado no caput pode conter cláusula específica com a
indicação da parte responsável pela elaboração e consecução dos programas de segurança
e saúde no trabalho previstos nas Normas Regulamentadoras nº 7 e 9, aprovadas
pela Portaria nº 3.214, de 8 de dezembro de 1978, para os aprendizes
pertencentes à cota do estabelecimento e contratados por intermédio da entidade
sem fins lucrativos.
Art.
8º A idade máxima de vinte e quatro anos é condição de extinção automática do
contrato de aprendizagem, não se aplicando tal critério às pessoas com
deficiência, para as quais a contratação é possível mesmo após essa idade.
Art.
9º Nos estabelecimentos em que sejam desenvolvidas atividades em ambientes ou
funções proibidas a menores de dezoito anos devem ser atendidas as seguintes
regras:
I -
para a aprendizagem das funções proibidas para menores de dezoitos anos, devem
ser contratados aprendizes da faixa etária entre dezoito e vinte e quatro anos
ou aprendizes com deficiência maiores de dezoito anos.
II -
excepcionalmente, é permitida a contratação de aprendizes na faixa etária entre
quatorze e dezoito anos para desempenharem tais funções ou exercerem suas
funções no local, desde que o empregador:
a)
apresente previamente, na unidade descentralizada do MTE da circunscrição onde
ocorrerem as referidas atividades, parecer técnico circunstanciado, assinado
por profissional legalmente habilitado em segurança e saúde no trabalho, que
ateste a não exposição a riscos que possam comprometer a saúde, a segurança e a
moral dos adolescentes, o qual deve ser renovado quando houver alterações nos
locais de trabalho ou nos serviços prestados; ou
b)
opte pela execução das atividades práticas dos adolescentes nas instalações da
própria entidade encarregada da formação técnico-profissional, em ambiente
protegido.
Art.
10. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á:
I - no
seu termo final;
II -
quando o aprendiz completar vinte e quatro anos, observado o disposto no art.
8º;
III -
antecipadamente, nas seguintes hipóteses:
a)
desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, que devem ser comprovados
mediante laudo de avaliação elaborado pela entidade executora da aprendizagem,
a quem cabe a sua supervisão e avaliação, após consulta ao estabelecimento onde
se realiza a aprendizagem;
b)
falta disciplinar grave prevista no art. 482 da CLT;
c)
ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo, comprovada
por meio de declaração do estabelecimento de ensino;
d) a
pedido do aprendiz;
e)
fechamento da empresa em virtude de falência, encerramento das atividades da
empresa e morte do empregador constituído em empresa individual.
§ 1º
Não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 da CLT às hipóteses de extinção do
contrato previstas nas alíneas do inciso III, exceto na hipótese prevista na
alínea "e", em que o aprendiz fará jus, além das verbas rescisórias,
à indenização prevista no art. 479 da CLT.
§ 2º A
diminuição do quadro de pessoal da empresa, ainda que em razão de dificuldades
financeiras ou de conjuntura econômica desfavorável, não autoriza a rescisão
antecipada dos contratos de aprendizagem em curso, que devem ser cumpridos até
o seu termo final.
§ 3º A
contratação do aprendiz como empregado regular da empresa, após o término do
contrato de aprendizagem, implica a rescisão deste em razão da hipótese
prevista no inciso I do caput, com o consequente pagamento das verbas rescisórias
devidas e assinatura de novo contrato de trabalho.
Seção
III
Dos
Direitos Trabalhistas
Art.
11. Ao aprendiz é garantido, preservada a condição mais benéfica:
I - o
salário mínimo hora, considerado para tal fim o valor do salário mínimo nacional
ou salário mínimo regional fixado em lei;
II - o
piso da categoria previsto em instrumento normativo, quando houver previsão de
aplicabilidade ao aprendiz; e
III -
o valor pago por liberalidade do empregador, superior aos valores previstos nos
incisos I e II.
Parágrafo
único. O aprendiz maior de dezoito anos que labore em ambiente insalubre ou
perigoso ou cuja jornada seja cumprida em horário noturno faz jus ao
recebimento do respectivo adicional.
Art.
12. A duração da jornada de trabalho do aprendiz não excederá de seis horas
diárias, durante a qual poderão ser desenvolvidas atividades teóricas e
práticas ou apenas uma delas, dentro e no limite dos parâmetros estabelecidos
no programa de aprendizagem.
§ 1º A
jornada de até oito horas diárias é permitida para os aprendizes que
completaram o ensino fundamental, desde que nela sejam incluídas atividades
teóricas, na proporção prevista no contrato e no programa de aprendizagem.
§ 2º
Ao aprendiz são vedadas, em qualquer caso, a prorrogação e a compensação da
jornada de trabalho, e não se aplicam as hipóteses previstas nos incisos I e II
do art. 413 da Consolidação das Leis do Trabalho.
§ 3º A
fixação do horário do aprendiz deverá ser feita pela empresa em conjunto com a entidade
formadora, com respeito à carga horária estabelecida no programa de
aprendizagem.
§ 4º
As atividades devem ser desenvolvidas em horário que não prejudique a
frequência do aprendiz com idade inferior a dezoito anos à escola, nos termos
do art. 427 da CLT e do inciso III do art. 63 da Lei nº 8.069, de 1990 -
Estatuto da Criança e do Adolescente, devendo ser considerado, nesse caso, o
tempo necessário para seu deslocamento.
§ 5º
Aplica-se à jornada do aprendiz, nas atividades práticas ou teóricas, o
disposto nos arts. 66 a 72 da CLT.
Art.
13. O período de férias do aprendiz deve ser definido no programa de
aprendizagem, conforme estabelece a Portaria nº 723, de 2012, observado o
seguinte:
I - as
férias do aprendiz com idade inferior a dezoito anos devem coincidir,
obrigatoriamente, com um dos períodos de férias escolares, sendo vedado o
parcelamento, em conformidade com o disposto no § 2º do art. 136 e § 2º do art.
134 da CLT.
II -
as férias do aprendiz com idade igual ou superior a dezoito anos devem
coincidir, preferencialmente, com as férias escolares, em conformidade com o
art. 25 do Decreto nº 5.598, de 2005.
Art.
14. A alíquota do depósito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS nos
contratos de aprendizagem é de dois por cento da remuneração paga ou devida ao
aprendiz conforme previsto no art. 15 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990.
Seção
IV
Dos
Programas de Aprendizagem
Art.
15. Para fins da formação técnico profissional, e nos termos dos arts. 429 e
430 da CLT, os cursos e programas de aprendizagem devem ser oferecidos
preferencialmente pelos entes dos Serviços Nacionais de Aprendizagem.
Parágrafo
único. Não sendo oferecidos pelos entes referidos no caput cursos ou vagas
suficientes, ou ainda programa de aprendizagem que atenda às necessidades dos
estabelecimentos, a demanda poderá ser atendida pelas seguintes entidades
qualificadas em formação profissional metódica:
I -
escolas técnicas de educação;
II -
entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao
adolescente e à educação profissional, inscritas no Cadastro Nacional de
Aprendizagem do MTE e registradas no Conselho Municipal do Direito da Criança e
do Adolescente - CMDCA quando atenderem menores de dezoito anos.
Art.
16. Cabe à inspeção do trabalho verificar a insuficiência de vagas ou
inexistência de cursos junto aos Serviços Nacionais de Aprendizagem, nos termos
do parágrafo único do art. 13 do Decreto nº 5.598, 2005.
§ 1º Confirmada
a insuficiência de vagas ou inexistência de cursos, a empresa poderá matricular
os aprendizes nas escolas técnicas de educação e nas entidades sem fins
lucrativos.
§ 2º O
auditor-fiscal do trabalho poderá utilizar os elementos de convicção que
entender suficientes para comprovar a inexistência ou insuficiência de vagas a
que se referem o § 1º.
Art.
17. As atividades teóricas e práticas da aprendizagem devem ser realizadas em
ambientes adequados ao desenvolvimento dos respectivos programas, cabendo às
empresas e às entidades responsáveis pelos cursos de aprendizagem oferecer aos
aprendizes condições de segurança e saúde e acessibilidade nos ambientes de
aprendizagem, observadas as disposições dos arts. 157 e 405 da CLT, do art. 29
do Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, do art. 2º do Decreto nº 6.481,
de 12 de junho de 2008 e das Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no
Trabalho aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 1978.
Seção
V
Da
Inspeção do Trabalho
Art.
18. A descaracterização do contrato de aprendizagem, acarreta sua nulidade e
ocorre:
I -
quando houver descumprimento das disposições legais e regulamentares relativas
à aprendizagem;
II -
na ausência de correlação entre as atividades práticas executadas pelo aprendiz
e as previstas no programa de aprendizagem;
III -
pela contratação de entidades sem fins lucrativos não inscritas no Cadastro
Nacional de Aprendizagem ou com parâmetro em programa de aprendizagem não
constante do Cadastro; e
IV -
quando houver descumprimento da legislação trabalhista na execução do contrato
de aprendizagem.
§ 1º
Descaracterizada a aprendizagem, caberá a lavratura dos autos de infração
pertinentes, e o contrato de trabalho passará a ser considerado por prazo
indeterminado, com as consequências jurídicas e financeiras dele decorrentes, a
incidirem sobre todo o período contratual.
§ 2º
Quando a contratação for por intermédio de entidade sem fins lucrativos, o ônus
cabe ao estabelecimento responsável pelo cumprimento da cota de aprendizagem,
com quem o vínculo empregatício será estabelecido diretamente.
§ 3º A
nulidade do contrato de aprendizagem firmado com menor de dezesseis anos
implica a imediata rescisão contratual, sem prejuízo da aplicação das sanções
pertinentes e do pagamento das verbas rescisórias devidas.
§ 4º O
disposto no § 1º não se aplica, quanto ao vínculo, aos órgãos da Administração
Pública.
Art.
19. Na fiscalização da aprendizagem, o auditor-fiscal do trabalho deve
verificar:
I - o cumprimento,
pelos estabelecimentos, da cota prevista no art. 429 da CLT para contratação de
aprendizes;
II - a
adequação do contrato de aprendizagem à legislação vigente;
III -
a conformação do programa de aprendizagem com as atividades desenvolvidas pelo
aprendiz no estabelecimento, com observância, dentre outros aspectos, da;
a)
compatibilidade do programa do curso com as funções do aprendiz;
b)
supervisão da entidade sem fins lucrativos;
c)
formação específica dos instrutores; e
d)
compatibilidade da duração do curso com a função desempenhada
IV - a
existência de vagas ou cursos nos entes do Sistema Nacional de Aprendizagem;
V - a
regularidade da entidade sem fins lucrativos junto ao Cadastro Nacional de
Aprendizagem e ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente;
VI -
as condições ambientais da execução da aprendizagem, tanto na entidade
responsável por pelo programa quanto no estabelecimento empregador
VII -
a regularidade dos contratos firmados entre o estabelecimento e a entidade sem
fins lucrativos;
VIII -
o cumprimento da legislação trabalhista, especialmente no que diz respeito à
aprendizagem, pelo estabelecimento empregador ou entidade sem fins lucrativos
que assumiu a condição de empregador;
IX - a
adequação do ambiente de aprendizagem às normas de proteção ao trabalho e à
formação profissional prevista no programa de aprendizagem.
§ 1º
Nos estabelecimentos com atividades sazonais ou com grande rotatividade de
mão-de-obra, o auditor-fiscal do trabalho deve exigir o cumprimento da cota com
base no quantitativo de empregados existentes à época da fiscalização.
§ 2º A
falta de cumprimento, pela entidades sem fins lucrativos, dos incisos do caput
e da legislação referente à aprendizagem, bem como a inadequação de seus
programas ao contexto da atividade desenvolvida pelo aprendiz no que concerne à
sua formação técnico-profissional e irregularidades na contratação devem ser
relatadas de forma circunstanciada pelo auditor-fiscal do trabalho no relatório
a que se refere o art. 7º da Portaria nº 723, de 2012.
Art.
20. Nas entidades sem fins lucrativos que contratam aprendizes, conforme
previsto no art. 7º, o auditor-fiscal do trabalho deve verificar, além do
disposto no art. 19:
I - a
inserção e a regularidade da entidade sem fins lucrativos empregadora no
Cadastro Nacional de Aprendizagem, na forma da Portaria nº 723, de 2012;
II - a
existência de programa de aprendizagem compatível com a função e atividades dos
aprendizes contratados e sua adequação aos requisitos estabelecidos na Portaria
nº 723, de 2012;
III -
a existência de certificado de registro da entidade sem fins lucrativos no
CMDCA como entidade que objetiva a assistência ao adolescente e a educação
profissional, quando algum de seus cursos se destinar a aprendizes menores de
dezoito anos, bem como a comprovação do depósito do programa de aprendizagem
naquele Conselho;
IV - a
existência de declaração de frequência do aprendiz na escola, quando esta for
obrigatória;
V -
contrato ou convênio firmado entre a entidade responsável por ministrar o curso
de aprendizagem e o estabelecimento tomador dos serviços; e
VI -
os contratos de aprendizagem firmados entre a entidade e os aprendizes.
§ 1º
Dos registros e contratos de aprendizagem firmados pelas entidades sem fins
lucrativos devem constar a razão social, o endereço e o número de inscrição no
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ do estabelecimento responsável pelo
cumprimento da cota.
§ 2º
Verificada a inadequação da entidade sem fins lucrativos, na forma do art. 20,
o auditor-fiscal do trabalho, sem prejuízo da lavratura de autos de infrações
cabíveis, deve adotar as providências previstas no art. 7º da Portaria nº 723,
de 2012.
Art.
21. Os indícios de irregularidades relacionadas à segurança e saúde no trabalho
devem ser informados pelo auditor-fiscal do trabalho à chefia imediata, para
comunicação ao setor competente a fim de ser realizada a ação fiscal
pertinente.
Parágrafo
único. Constatada a inadequação dos ambientes de aprendizagem às condições de
proteção ao trabalho do adolescente e às condições de acessibilidade ao
aprendiz com deficiência, ou divergências apuradas entre as condições reais das
instalações da entidade formadora e aquelas informadas no Cadastro Nacional da
Aprendizagem, o auditor-fiscal do trabalho promoverá ações destinadas a
regularizar a situação, sem prejuízo da lavratura de autos de infrações
cabíveis, adotando, caso não sejam sanadas as irregularidades, as providências
indicadas no art. 7º da Portaria nº 723, de 2012.
Seção
VI
Do
Planejamento da Fiscalização da Aprendizagem
Art.
22. Na elaboração do planejamento da fiscalização da contratação de aprendizes,
a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego deve observar as diretrizes
expedidas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Art.
23. O planejamento da fiscalização da aprendizagem deve compreender as ações
previstas nos arts. 19, 20 e 21 e ainda a fiscalização, se necessária, das
entidades sem fins lucrativos que solicitarem inserção no Cadastro Nacional de
Aprendizagem, nos termos dos arts. 3º e 4º da Portaria nº 723, de 2012.
§ 1º A
fiscalização da aprendizagem, da execução e regularidade dos contratos de
aprendizagens firmados pelos estabelecimentos e entidades sem fins lucrativos
deve ser precedida de emissão de ordem de serviço específica.
§ 2º
Para a fiscalização do cumprimento da obrigação de contratação de aprendizes,
caberá à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, por meio de
servidores designados pela chefia da fiscalização, identificar a oferta de
cursos e vagas pelas instituições de aprendizagem e a demanda de aprendizes por
parte dos empregadores.
§ 3º A
oferta de cursos e vagas poderá ser verificada por meio dos programas de
aprendizagem validados e inseridos Cadastro Nacional de Aprendizagem ou
contatos com os entes do Sistema Nacional de Aprendizagem, escolas técnicas e
entidades qualificadas em formação profissional, inclusive durante eventos e
palestras promovidos pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.
§ 4º A
demanda potencial por aprendizes será identificada por atividade econômica, em
cada município, a partir das informações disponíveis nos bancos de dados
oficiais, tais como a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS e o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados - CAGED, ou outros sistema disponíveis aos
auditores-fiscais do trabalho, observado o disposto no art. 3º desta instrução
normativa.
Art.
24. Para acesso ao Cadastro Nacional de Aprendizagem deve ser solicitada senha
de acesso, diretamente pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego à
Coordenação-Geral de Preparação de Mão-de-obra Juvenil do Departamento de
Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude da Secretaria de Políticas
Públicas de Emprego - SPPE.
Art.
25. Poderá ser adotada, sem prejuízo da ação fiscal in loco, a notificação para
apresentação de documentos - NAD via postal - modalidade de fiscalização
indireta - para convocar, individual ou coletivamente, os empregadores a
apresentarem documentos, em dia e hora previamente fixados, a fim de
comprovarem a regularidade da contratação de empregados aprendizes, conforme
determina o art. 429 da CLT.
§ 1º
No procedimento de notificação via postal poderá ser utilizado, como suporte
instrumental, sistema informatizado de dados destinado a facilitar a
identificação dos estabelecimentos obrigados a contratar aprendizes.
§ 2º
No caso de convocação coletiva, a Superintendência Regional do Trabalho e
Emprego poderá realizar, a seu critério, evento em que seja feita explanação
acerca da temática da aprendizagem, visando conscientizar, orientar e
esclarecer dúvidas em relação à aprendizagem.
§ 3º
Caso o auditor-fiscal do trabalho, no planejamento da fiscalização ou no curso
desta, conclua pela ocorrência de motivo grave ou relevante que impossibilite
ou dificulte a imediata contratação dos aprendizes, poderá instaurar, com a
anuência da chefia imediata e desde que o estabelecimento esteja sendo
fiscalizado pela primeira vez, procedimento especial para ação fiscal, nos
termos do art. 27 a 30 do Regulamento da Inspeção do Trabalho - RIT, aprovado
pelo Decreto nº 4.552, de 27 de dezembro de 2002, explicitando os motivos que
determinaram essa medida.
§ 4º O
procedimento especial para a ação fiscal poderá resultar na lavratura de termo
de compromisso que estipule as obrigações assumidas pelo compromissado e os
prazos para seu cumprimento.
§ 5º
Durante o prazo fixado no termo, o estabelecimento compromissado poderá ser
fiscalizado para verificação de seu cumprimento, sem prejuízo da ação fiscal em
atributos não contemplados no referido termo.
Art.
26. A chefia de fiscalização deve designar auditores-fiscais do trabalho para
realizar a fiscalização indireta, prevista no art. 25 e, quando for o caso,
verificar o cumprimento dos termos de cooperação técnica firmados no âmbito do
Ministério do Trabalho e Emprego.
Parágrafo
único. No caso de convocação coletiva, devem ser designados auditores-fiscais
do trabalho em número suficiente para o atendimento de todas as empresas
notificadas.
Art.
27. Esgotada a atuação da inspeção do trabalho, sem a correção das
irregularidades relativas à aprendizagem, o auditor-fiscal do trabalho, sem
prejuízo da lavratura de autos de infração cabíveis, deve elaborar relatório
circunstanciado e encaminhá-lo à chefia imediata, a qual adotará as
providências que julgar cabíveis conforme o caso.
Art.
28. Fica revogada a Instrução Normativa nº 75, de 8 de maio de 2009.
Art.
29. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
VERA
LUCIA RIBEIRO DE ALBUQUERQUE