Adaptação das pequenas e médias empresas às normas internacionais de contabilidade
Publicado por Leonardo Amorim em 18/03/2010 10:54
CFC:
uma nova era se anuncia para a contabilidade brasileira
Em dezembro de 2009,
o Conselho Federal de Contabilidade emitiu uma resolução estabelecendo um novo
padrão contábil para as empresas que não estavam enquadradas na Nova Lei das
S.A. (11.638/07).
Com este novo
pronunciamento, chega a vez das pequenas e médias empresas harmonizarem seus
balanços com as normas internacionais (IFRS).
Se a implantação
do IFRS nas grandes companhias não causou os transtornos previstos há dois
anos, o mesmo não deve ocorrer com as pequenas e médias.
O primeiro ponto
a ser ressaltado é que 90% das empresas brasileiras se encaixam neste perfil.
Também não é
demais lembrar que elas são responsáveis por 60% do total de pessoas empregadas
no País e por 20% do PIB. Ou seja, a abrangência e impacto são imensuráveis.
O IFRS para
Pequenas e Médias Empresas conta com 230 páginas, apenas 10% do destinado às
grandes companhias. A adoção não é obrigatória, mas pode trazer inúmeros
benefícios às empresas.
A conversão
proporcionará a oportunidade de remodelar os negócios com mais transparência
para o mercado e até instituindo índices de desempenho.
Os níveis de
transparência serão substancialmente maiores, pois os balanços tornarão pública
a real saúde financeira e patrimonial das empresas.
Na realidade
atual eles são apenas fiscais, portanto não mostram as finanças da empresa para
o mercado. Com a elaboração de um balanço societário e passando por uma
auditoria, os empresários já vão criando uma cultura de transparência e de
governança, o primeiro passo para um crescimento sustentável.
Um balanço
dentro dessas regras valida a transparência da companhia, o que hoje é
instrumento importantíssimo na busca de parceiros e de crédito.
Temos no Brasil
um universo de 400 mil contadores que terão que se adaptar aos novos tempos. É,
sem dúvida nenhuma, um desafio de tirar o fôlego e certamente o maior do mundo
empresarial em 2010.
A adoção das
Normas Internacionais de Relatórios Financeiros não é meramente um exercício
técnico envolvendo o reordenamento de informações e reclassificações nas
demonstrações contábeis. A conversão irá desafiar os fundamentos de um modelo
de negócios até então existente nas pequenas e médias empresas. Será uma
oportunidade ímpar para reexaminar a sua administração através da maneira de
reportar os seus gerenciamentos internos.
Isso afetará a
maneira como as empresas se apresentam ao mercado. Quem não o fizer, ficará
preso em um mundo antigo. Claro que isso aumentará as despesas, mas por outro
lado reduzirá a já conhecida fragilidade das pequenas e médias companhias.
Gasta-se mais, mas também se ganha em credibilidade. Isso facilitará e
diminuirá custos de um financiamento, por exemplo.
Os investidores
estrangeiros prezam muito a contabilidade. Estar adaptado a estes padrões
ajudará a atrair parcerias, joint ventures e fundos de private equity, por
exemplo. Demonstrações contábeis bem elaboradas e que trazem informações
importantes, servem como base para a tomada de decisões por bancos, futuros
sócios, governo etc.
É um desafio e
tanto. Diferente do IFRS para as grandes companhias, ninguém está obrigado a
embarcar nessa. Mas quem insistir em ficar estagnado no tempo poderá perder o
bonde da história. O mesmo serve para os contadores e auditores. Neste caso, a
atualização é mais do que obrigatória. É uma questão de sobrevivência.
Passada esta
transição, o Brasil estará em outro patamar. Nossas tão valentes pequenas e
médias empresas estarão com os alicerces prontos para sustentar um avanço da
economia e grandes taxas de crescimento.
A adaptação pode
ser uma fase difícil, mas é necessário atravessá-la, pois o pote de ouro está
do outro lado dessa ponte.
LLConsulte por
Leonardo Amorim, 2010.