CONVERSA DE VENDEDOR NÃO COMBINA COM O SPED

 

Atualizado por Leonardo Amorim em 21/02/2013 09:19

 

 

 

 

Conheço profissionais na área comercial de softwares que são sérios, íntegros, e que ao oferecerem as soluções que dispõem, falam a verdade e estão bem informados sobre as normas que regem o SPED, mas infelizmente o mercado está contaminado por muitos “consultores” que se apresentam como “analistas de negócios”,  e agentes do gênero, que na verdade são vendedores de softwares interessados prioritariamente em cumprir suas metas de vendas,  não estando sensibilizados com as reais necessidades dos contabilistas que recebem suas propostas.

 

É preciso separar o joio do trigo. No segmento de softwares contábeis, é imprescindível que o profissional de área comercial seja um conhecedor profundo das normas do SPED, para que possa apresentar adequadamente propostas condizentes com a realidade das normas estabelecidas.

 

Vejamos as principais inverdades ditas por vendedores de softwares contábeis, ligados direta ou indiretamente às grandes empresas de softwares. Agradeço a colaboração dos clientes que enviaram um resumo dos contatos.

 

 

 

Os programas do SPED são validadores, não permitindo a digitação de dados.

E assim todos os contadores terão que ter um software integrado e adequado para gerar

 os arquivos a serem analisados no PVA da Receita.

 

No jargão popular, é uma “meia-verdade”. É preciso definir sobre qual o PVA do SPED o nosso vendedor se refere.

 

O SPED Contábil (ECD) é um validador e não permite a digitação direta pelo contribuinte, assim  como o SPED FISCAL (EFD).

 

O Fcont e o SPED Contribuições (este último será usado inclusive pelas empresas no lucro presumido para entrega das informações do PIS e COFINS, além da contribuição previdenciária patronal sobre a receita nos casos que se aplicam) são validadores, mas que também permitem a criação e a edição de uma escrituração.

 

Vejamos a resposta 32 do Portal SPED.

 

32.    O PVA permite a edição de uma escrituração completa?

 

A partir da versão 2.0.0 do PVA já é possível criar uma escrituração diretamente no próprio aplicativo, através da opção de menu “EFD-ContribuiçõesàNovaàCriar” (sic), ou através da tecla de atalho “CTRL+N”.

 

 

Obviamente, é inviável a utilização do SPED EFD Contribuição na digitação direta pelo contribuinte em se tratando de grandes massas de dados, sendo racional a aplicação de softwares integrados para evitar a redigitação de documentos fiscais.

 

 

 

O SPED Contribuições exige que tudo seja detalhado. Você tem um sistema pronto para isso?

 

Argumento impreciso. Em qual regime de tributação? Pois sabemos que no caso do lucro presumido, a informação pode ser entregue de forma simplificada. O detalhamento é obrigatório apenas para as empresas no lucro real.

 

Resposta 28 do Portal do Sped:

 

28. As empresas optantes pelo lucro presumido (regime cumulativo), precisam escriturar todos os blocos de registros de forma detalhada, isto é, nota a nota, item a item?

 

As empresas optantes pelo regime de tributação do IRPJ do Lucro Presumido podem escriturar de forma simplificada/consolidada nos termos do ADE COFIS 24/2011.

 

(grifo LLConsulte)

 

No caso da escrituração consolidada, a pessoa jurídica optante pelo lucro presumido, utilizará os registros F500/F510/F525 quando optante pela tributação de suas receitas pelo regime de caixa, ou os registros F550/F560 quando optante pela tributação de suas receitas pelo regime de competência. Em ambos casos deverá utilizar o registro 1900 para consolidar os documentos emitidos no período da escrituração.

 

A decisão de utilizar o modelo completo (nota a nota, item a item) ou modelo consolidado (totais de receita, segregada por CST), no regime de competência, é da própria pessoa jurídica e poderá ser modificada, a critério da pessoa jurídica, ao longo do ano. A escrituração para optantes pelo regime de caixa somente poderá ser feita através do modelo consolidado.

 

É importante salientar que as operações da atividade imobiliária serão informadas, única e exclusivamente, no registro F200, conforme pergunta 84.

 

A apuração dos débitos mensais do PIS e da COFINS pode ser feita automaticamente pelo PVA, após a digitação dos dados nos registros acima mencionados, através da funcionalidade de “Gerar Apurações” no menu “EFD-Contribuições” do PVA.

 

As regras de obrigatoriedade de registros e campos dos registros aqui mencionados podem ser consultados, na íntegra, no Guia Prático da EFD-Contribuições.

 

 

 

De fato as informações para o SPED Contribuições de empresas no lucro presumido podem ser entregues de forma simplificada, como a senhora citou (nossa cliente estava muito bem informada) sem o “item a item do lucro real”, mas será exigido o arquivo detalhado em breve, isso posso lhe garantir que será a partir de abril deste ano, da mesma forma como se pede no lucro real, e ter um sistema como o nosso é a solução para o seu escritório.

 

Apenas especulação. É a mesma conversa, sem fundamento, de que empresas no lucro presumido em breve terão que entregar o SPED Contábil. Claro que isso pode acontecer, mas citar prazos que não existem, só para impressionar o ouvinte, tem sido uma característica comum na atuação deste tipo de “profissional”.

 

Talvez eu esteja sendo duro demais; quem sabe, nosso vendedor de softwares deva estar com informações secretas que nem a própria Receita Federal tenha conhecimento, ou deve ter alguma bola de cristal, para citar datas com tanta segurança.

 

Será normal que modificações nas normas possam vir a incluir empresas no lucro presumido a certas exigências do SPED, mas se alguém citar prazos, é sempre bom pergunta-lo sobre as normas pelas quais ele tomou como base.

 

 

 

 

O SPED vai vencer agora em fevereiro e você ainda não tem um sistema integrado como o nosso?

 

Pretendendo acelerar a resposta do contabilista à proposta apresentada, o vendedor provoca uma confusão de prazos, apelando para o conhecido medo das multas. O SPED Contribuições de JANEIRO DE 2013 vencerá no 10o. dia útil de março, conforme a Instrução Normativa RFB nº 1.252, de 1º de março de 2012.  O que vence em fevereiro é o de Dezembro de 2012 (opcional para as empresas no lucro presumido)

 

Confira no “perguntas e respostas” do Portal Sped.

 

14.O prazo de entrega da EFD, qual seja, até 10º dia útil do 2º mês subseqüente valerá apenas para a entrega do 1º arquivo ou sempre haverá este prazo?

 

O prazo de entrega vale para todos os períodos.

 

 

Outro ponto a ser repensado é o conceito de sistema integrado. Normalmente, é passada uma idéia de que tudo será interligado, do nascedouro das informações (clientes) até o escritório, quando na verdade, o dia-a-dia confirma outra realidade: um emaranhado de arquivos a serem gerados e importados utilizando os diversos leiautes disponíveis, impondo novas dificuldades de relacionamento entre o contabilista e os seus clientes, inclusive envolvendo a requalificação dos recursos humanos dos escritórios , muitas vezes, apresentado como uma parte menos importante, sob a fantasia de que o sistema “resolverá tudo”.

 

 

 

Os sistemas dos seus clientes devem ser compatíveis com o nosso para que possamos fazer a integração total

 

Apenas marketing. É possível ter a integração de softwares desenvolvidos por diferentes fabricantes e plataformas, utilizando os protocolos previstos no COTEPE, além dos blocos do SPED Contribuições e o Fiscal, que os sistemas podem gerar.

 

Com o SPED, a migração de base de dados tende a ser um processo comum, pois estamos tratando de leiautes padronizados instituídos pelas autoridades fiscais. Assim, antes de acatar o argumento acima feito pelo vendedor, o contabilista deve verificar se o software usado pelo cliente está em condições de gerar os arquivos de importação previstos no software de escrita fiscal (pode ser o SINTEGRA, a redução Z, o SPED Contribuições, o SPED Fiscal, entre outros).

 

É preciso ter a consciência que trocar um sistema de gestão em um cliente sob o argumento da “compatibilidade” com o sistema usado pelo escritório é algo que pode até desgastar o contabilista perante o seu cliente. Um software de gestão de empresa é algo mais delicado do que se pode imaginar e a sua substituição deve ser vista como último recurso, depois de se verificar as condições para geração de arquivos fiscais disponíveis no sistema atualmente em uso. Outras variáveis influenciam, tais como, o grau de satisfação do cliente do escritório com o suporte técnico, a customização do software, e a possibilidade do sistema receber ajustes pelo seu desenvolvedor, visando atender as demandas do escritório de contabilidade.

 

Outro ponto que o vendedor evitar tocar quando está oferecendo a “perfeição”, está nas dificuldades de integração até mesmo de softwares envolvendo o mesmo fabricante, porque a importação de registros fiscais depende muito de uma parametrização adequada nas bases de dados dos clientes. Se as notas forem geradas com erros, a importação de dados apenas reproduzirá a bagunça gerada na fonte dos dados. Tenho casos de escritórios que investiram em softwares caríssimos, mas que encontraram grandes dificuldades para entregar o SPED Contribuições por conta dos problemas nos arquivos dos clientes, algo não conversado amplamente com o vendedor na fase de pré-venda. Normalmente, o contabilista descobre depois de adquirir o pacote que prometia o “céu de brigadeiro”, que a solução em si não é tão maravilhosa como foi alardeada pelo vendedor.

 

 

 

Seu sistema ainda é em DOS? Como você acha que vai gerar o SPED nisso?

(horrível ato de marketing de guerrilha de uma empresa que costuma visitar escritórios contábeis e desdenhar dos softwares de outras empresas concorrentes)

 

Ignorância ou maldade? Ou as duas coisas? Não sei.

 

Este caso envolveu o nosso INFRASoft. Era época de lançamento da Escrituração Contábil Digital. Um “consultor” de uma empresa, famosa no mercado por agredir seus concorrentes, visitou um de nossos e saiu com essa estúpida investida. Todo sistema tem seus problemas e limitações, mas é preciso ter um mínimo de juízo.

 

Em primeiro lugar, DOS não é linguagem de programação, DOS é um SISTEMA OPERACIONAL, assim como o Windows.  Software contábil pode ser escrito em C, Clipper, Xbase, Delphi, VB, Cobol, etc. Alguns rodam no ambiente DOS (16 bits), que é virtualizado no Windows desde a versão de 1995. A maioria dos softwares disponpiveis no mercado rodam diretamente no Windows  (32 bits). Há os que foram feitos para rodar no Windows e no Linux (os da Receita, por exemplo).

 

O nosso vendedor parece não saber a diferença entre linguagem de programação e ambiente operacional, ou se sabe, está usando um argumento equivocado por má fé, o que piora a sua situação.

 

Em segundo lugar, o SPED trabalha com arquivos no formato TXT, sendo possível gera-los nos ambientes DOS, WINDOWS, LINUX ou qualquer outro sistema operacional que hospede o sistema em questão e que permita a geração de arquivos neste formato.

 

Apostando na ingenuidade do contabilista, nosso vendedor se deu mal; não contava com os 15 anos de relacionamento próspero e com a transparência e honestidade de um cliente tão antigo: “Leonardo, fui visitado por uma empresa que diz que sistema em DOS não gera SPED, o que você tem a dizer sobre isso?”.

 

Não somente o SPED ECD foi gerado no INFRA, como também pedi ao cliente que enviasse o recibo de entrega ao nosso vendedor para que ele aprenda alguma coisa realmente útil para a sua carreira nesta grande companhia que trabalha.

 

Atualmente trabalho representando e dando suporte a linha TOP da Exactus, totalmente desenvolvida para o ambiente Windows e 100% pensada para atender as exigências do SPED (a Exactus é pioneira nisso), mas isto não permite que eu desdenhe de algum colega de profissão por trabalhar com outros sistemas, principalmente se estiver no ambiente DOS virtualizado.

 

 

 

Seu sistema não tem banco de dados? Isso é preocupante...

 

Novamente, cabe a pergunta: Ignorância ou maldade? Ou as duas coisas? Não sei.

 

Certamente, o vendedor aloprado que assediou um dos nossos clientes de consultoria está se referindo ao tipo de banco de dados ou em uma linguagem técnica, os store engines, que são os motores de armazenamento. Os mais conhecidos: ORACLE, DB2, PROGRESS, MS-SQL Server e o MYSQL. Os sistemas de contabilidade mais antigos, e por isso, mais robustos, maduros e estáveis, em sua maioria, foram desenvolvidos em um período em que a arquitetura de hardware não possibilitava o fluxo de dados que os atuais computadores permitem. Naturalmente, houve a evolução dos motores de bancos de dados mais antigos, como o Indexed Sequential Acess Method (ISAM), entre outras revisões tecnológicas, que atingiram as linguagens da linha Xbase, a clássica Cobol, e posteriormente surgiram os cases possibilitando a utilização de diversos motores de banco de dados.

 

Na aplicação de banco de dados para softwares contábeis e comerciais, vale o jargão “cada caso é um caso” e a assessoria de um especialista na área, torna-se importante. O que não pode ser cabível, é alguém subestimar a inteligência dos seus próprios ouvintes de forma tal bizarra. Softwares que operam com SQL , por exemplo, não podem ser taxados de superiores, simplesmente por conta dessa aplicação; é preciso analisar uma série de fatores. Conheço softwares que trabalham com MYISAM que são mais estáveis que os mais recentes feitos para SQL, simplesmente porque possuem um algorítimo melhor.

 

Ao ser indagado por um dos clientes sobre o argumento do vendedor ávido por desqualificar um software que nem era nosso, não resisti e perguntei: será que por acaso, os dados no HD estão guardados em alguma caderneta?  Nosso vendedor deve saber...

 

 

 

Soli Deo gloria.

 

Leonardo Amorim.

 

 

 

 

Respostas do Portal Sped:

 

http://www1.receita.fazenda.gov.br/faq/efd-contribuicoes.htm

 

 

 

 

LLConsulte Soli Deo gloria