CONVERSA DE VENDEDOR NÃO COMBINA COM O SPED
Conheço
profissionais na área comercial de softwares que são sérios, íntegros, e que ao
oferecerem as soluções que dispõem, falam a verdade e estão bem informados
sobre as normas que regem o SPED, mas infelizmente o mercado está contaminado
por muitos “consultores” que se apresentam como “analistas de negócios”, e agentes do gênero, que na verdade são
vendedores de softwares interessados prioritariamente em cumprir suas metas de
vendas, não estando sensibilizados com
as reais necessidades dos contabilistas que recebem suas propostas.
É
preciso separar o joio do trigo. No segmento de softwares contábeis, é
imprescindível que o profissional de área comercial seja um conhecedor profundo
das normas do SPED, para que possa apresentar adequadamente propostas
condizentes com a realidade das normas estabelecidas.
Vejamos
as principais inverdades ditas por vendedores de softwares contábeis, ligados
direta ou indiretamente às grandes empresas de softwares. Agradeço a
colaboração dos clientes que enviaram um resumo dos contatos.
Os programas do SPED são
validadores, não permitindo a digitação de dados.
E assim todos os contadores
terão que ter um software integrado e adequado para gerar
os arquivos a serem analisados no PVA da Receita.
No
jargão popular, é uma “meia-verdade”. É preciso definir sobre qual o PVA do
SPED o nosso vendedor se refere.
O
SPED Contábil (ECD) é um validador e não permite a digitação direta pelo
contribuinte, assim como o SPED FISCAL
(EFD).
O
Fcont e o SPED Contribuições (este último será usado inclusive pelas empresas
no lucro presumido para entrega das informações do PIS e COFINS, além da
contribuição previdenciária patronal sobre a receita nos casos que se aplicam)
são validadores, mas que também permitem a criação e a edição de uma
escrituração.
Vejamos
a resposta 32 do Portal SPED.
32. O PVA permite a edição de uma escrituração
completa?
A
partir da versão 2.0.0 do PVA já é possível criar uma escrituração diretamente
no próprio aplicativo, através da opção de menu “EFD-ContribuiçõesàNovaàCriar” (sic),
ou através da tecla de atalho “CTRL+N”.
Obviamente,
é inviável a utilização do SPED EFD Contribuição na digitação direta pelo
contribuinte em se tratando de grandes massas de dados, sendo racional a
aplicação de softwares integrados para evitar a redigitação de documentos
fiscais.
O SPED Contribuições exige que tudo seja detalhado. Você tem um sistema pronto para isso?
Argumento
impreciso. Em qual regime de tributação? Pois sabemos que no caso do lucro
presumido, a informação pode ser entregue de forma simplificada. O detalhamento
é obrigatório apenas para as empresas no lucro real.
Resposta
28 do Portal do Sped:
28.
As empresas optantes pelo lucro presumido (regime cumulativo), precisam
escriturar todos os blocos de registros de forma detalhada, isto é, nota a
nota, item a item?
As
empresas optantes pelo regime de tributação do IRPJ do Lucro Presumido podem
escriturar de forma simplificada/consolidada nos termos do ADE COFIS 24/2011.
(grifo
LLConsulte)
No caso da escrituração consolidada, a pessoa jurídica optante pelo lucro presumido, utilizará os registros F500/F510/F525 quando optante pela tributação de suas receitas pelo regime de caixa, ou os registros F550/F560 quando optante pela tributação de suas receitas pelo regime de competência. Em ambos casos deverá utilizar o registro 1900 para consolidar os documentos emitidos no período da escrituração.
A
decisão de utilizar o modelo completo (nota a nota, item a item) ou modelo
consolidado (totais de receita, segregada por CST), no regime de competência, é
da própria pessoa jurídica e poderá ser modificada, a critério da pessoa
jurídica, ao longo do ano. A escrituração para optantes pelo regime de caixa
somente poderá ser feita através do modelo consolidado.
É
importante salientar que as operações da atividade imobiliária serão
informadas, única e exclusivamente, no registro F200, conforme pergunta 84.
A
apuração dos débitos mensais do PIS e da COFINS pode ser feita automaticamente
pelo PVA, após a digitação dos dados nos registros acima mencionados, através da
funcionalidade de “Gerar Apurações” no menu “EFD-Contribuições” do PVA.
As
regras de obrigatoriedade de registros e campos dos registros aqui mencionados
podem ser consultados, na íntegra, no Guia Prático da EFD-Contribuições.
De fato as informações para o SPED Contribuições de empresas no lucro presumido podem ser entregues de forma simplificada, como a senhora citou (nossa cliente estava muito bem informada) sem o “item a item do lucro real”, mas será exigido o arquivo detalhado em breve, isso posso lhe garantir que será a partir de abril deste ano, da mesma forma como se pede no lucro real, e ter um sistema como o nosso é a solução para o seu escritório.
Apenas
especulação. É a mesma conversa, sem fundamento, de que empresas no lucro
presumido em breve terão que entregar o SPED Contábil. Claro que isso pode
acontecer, mas citar prazos que não existem, só para impressionar o ouvinte,
tem sido uma característica comum na atuação deste tipo de “profissional”.
Talvez
eu esteja sendo duro demais; quem sabe, nosso vendedor de softwares deva estar
com informações secretas que nem a própria Receita Federal tenha conhecimento,
ou deve ter alguma bola de cristal, para citar datas com tanta segurança.
Será
normal que modificações nas normas possam vir a incluir empresas no lucro
presumido a certas exigências do SPED, mas se alguém citar prazos, é sempre bom
pergunta-lo sobre as normas pelas quais ele tomou como base.
O SPED vai vencer agora em fevereiro e você ainda não tem um sistema
integrado como o nosso?
Pretendendo
acelerar a resposta do contabilista à proposta apresentada, o vendedor provoca
uma confusão de prazos, apelando para o conhecido medo das multas. O SPED
Contribuições de JANEIRO DE 2013 vencerá no 10o. dia útil de março,
conforme a Instrução Normativa RFB nº
1.252, de 1º de março de 2012. O que vence em fevereiro é o de Dezembro de 2012 (opcional
para as empresas no lucro presumido)
Confira no “perguntas e respostas” do Portal Sped.
14.O
prazo de entrega da EFD, qual seja, até 10º dia útil do 2º mês subseqüente
valerá apenas para a entrega do 1º arquivo ou sempre haverá este prazo?
O
prazo de entrega vale para todos os períodos.
Outro
ponto a ser repensado é o conceito de sistema integrado. Normalmente, é passada
uma idéia de que tudo será interligado, do nascedouro das informações
(clientes) até o escritório, quando na verdade, o dia-a-dia confirma outra
realidade: um emaranhado de arquivos a serem gerados e importados utilizando os
diversos leiautes disponíveis, impondo novas dificuldades de relacionamento
entre o contabilista e os seus clientes, inclusive envolvendo a requalificação
dos recursos humanos dos escritórios , muitas vezes, apresentado como uma parte
menos importante, sob a fantasia de que o sistema “resolverá tudo”.
Os sistemas dos seus clientes devem ser compatíveis com o nosso para
que possamos fazer a integração total
Apenas
marketing. É possível ter a integração de softwares desenvolvidos por
diferentes fabricantes e plataformas, utilizando os protocolos previstos no
COTEPE, além dos blocos do SPED Contribuições e o Fiscal, que os sistemas podem
gerar.
Com
o SPED, a migração de base de dados tende a ser um processo comum, pois estamos
tratando de leiautes padronizados instituídos pelas autoridades fiscais. Assim,
antes de acatar o argumento acima feito pelo vendedor, o contabilista deve
verificar se o software usado pelo cliente está em condições de gerar os
arquivos de importação previstos no software de escrita fiscal (pode ser o
SINTEGRA, a redução Z, o SPED Contribuições, o SPED Fiscal, entre outros).
É
preciso ter a consciência que trocar um sistema de gestão em um cliente sob o
argumento da “compatibilidade” com o sistema usado pelo escritório é algo que
pode até desgastar o contabilista perante o seu cliente. Um software de gestão
de empresa é algo mais delicado do que se pode imaginar e a sua substituição
deve ser vista como último recurso, depois de se verificar as condições para
geração de arquivos fiscais disponíveis no sistema atualmente em uso. Outras
variáveis influenciam, tais como, o grau de satisfação do cliente do escritório
com o suporte técnico, a customização do software, e a possibilidade do sistema
receber ajustes pelo seu desenvolvedor, visando atender as demandas do
escritório de contabilidade.
Outro
ponto que o vendedor evitar tocar quando está oferecendo a “perfeição”, está
nas dificuldades de integração até mesmo de softwares envolvendo o mesmo
fabricante, porque a importação de registros fiscais depende muito de uma
parametrização adequada nas bases de dados dos clientes. Se as notas forem
geradas com erros, a importação de dados apenas reproduzirá a bagunça gerada na
fonte dos dados. Tenho casos de escritórios que investiram em softwares
caríssimos, mas que encontraram grandes dificuldades para entregar o SPED
Contribuições por conta dos problemas nos arquivos dos clientes, algo não
conversado amplamente com o vendedor na fase de pré-venda. Normalmente, o
contabilista descobre depois de adquirir o pacote que prometia o “céu de
brigadeiro”, que a solução em si não é tão maravilhosa como foi alardeada pelo
vendedor.
Seu sistema ainda é em DOS? Como você acha que vai gerar o SPED
nisso?
(horrível ato de marketing de
guerrilha de uma empresa que costuma visitar escritórios contábeis e desdenhar
dos softwares de outras empresas concorrentes)
Ignorância
ou maldade? Ou as duas coisas? Não sei.
Este
caso envolveu o nosso INFRASoft. Era época de lançamento da Escrituração
Contábil Digital. Um “consultor” de uma empresa, famosa no mercado por agredir
seus concorrentes, visitou um de nossos e saiu com essa estúpida investida.
Todo sistema tem seus problemas e limitações, mas é preciso ter um mínimo de
juízo.
Em
primeiro lugar, DOS não é linguagem de programação, DOS é um SISTEMA
OPERACIONAL, assim como o Windows.
Software contábil pode ser escrito em C, Clipper, Xbase, Delphi, VB, Cobol,
etc. Alguns rodam no ambiente DOS (16 bits), que é virtualizado no Windows
desde a versão de 1995. A maioria dos softwares disponpiveis no mercado rodam
diretamente no Windows (32 bits). Há os
que foram feitos para rodar no Windows e no Linux (os da Receita, por exemplo).
O
nosso vendedor parece não saber a diferença entre linguagem de programação e
ambiente operacional, ou se sabe, está usando um argumento equivocado por má
fé, o que piora a sua situação.
Em
segundo lugar, o SPED trabalha com arquivos no formato TXT, sendo possível
gera-los nos ambientes DOS, WINDOWS, LINUX ou qualquer outro sistema
operacional que hospede o sistema em questão e que permita a geração de
arquivos neste formato.
Apostando
na ingenuidade do contabilista, nosso vendedor se deu mal; não contava com os
15 anos de relacionamento próspero e com a transparência e honestidade de um
cliente tão antigo: “Leonardo, fui visitado por uma empresa que diz que
sistema em DOS não gera SPED, o que você tem a dizer sobre isso?”.
Não
somente o SPED ECD foi gerado no INFRA, como também pedi ao cliente que
enviasse o recibo de entrega ao nosso vendedor para que ele aprenda alguma
coisa realmente útil para a sua carreira nesta grande companhia que trabalha.
Atualmente
trabalho representando e dando suporte a linha TOP da Exactus, totalmente
desenvolvida para o ambiente Windows e 100% pensada para atender as exigências
do SPED (a Exactus é pioneira nisso), mas isto não permite que eu desdenhe de
algum colega de profissão por trabalhar com outros sistemas, principalmente se
estiver no ambiente DOS virtualizado.
Seu sistema não tem banco de dados? Isso é preocupante...
Novamente,
cabe a pergunta: Ignorância ou maldade? Ou as duas coisas? Não sei.
Certamente,
o vendedor aloprado que assediou um dos nossos clientes de consultoria está se
referindo ao tipo de banco de dados ou em uma linguagem técnica, os store
engines, que são os motores de armazenamento. Os mais conhecidos: ORACLE,
DB2, PROGRESS, MS-SQL Server e o MYSQL. Os sistemas de contabilidade mais
antigos, e por isso, mais robustos, maduros e estáveis, em sua maioria, foram
desenvolvidos em um período em que a arquitetura de hardware não possibilitava
o fluxo de dados que os atuais computadores permitem. Naturalmente, houve a
evolução dos motores de bancos de dados mais antigos, como o Indexed
Sequential Acess Method (ISAM), entre outras revisões tecnológicas, que
atingiram as linguagens da linha Xbase, a clássica Cobol, e
posteriormente surgiram os cases possibilitando a utilização de diversos
motores de banco de dados.
Na
aplicação de banco de dados para softwares contábeis e comerciais, vale o
jargão “cada caso é um caso” e a assessoria de um especialista na área,
torna-se importante. O que não pode ser cabível, é alguém subestimar a
inteligência dos seus próprios ouvintes de forma tal bizarra. Softwares que
operam com SQL , por exemplo, não podem ser taxados de superiores, simplesmente
por conta dessa aplicação; é preciso analisar uma série de fatores. Conheço
softwares que trabalham com MYISAM que são mais estáveis que os mais recentes
feitos para SQL, simplesmente porque possuem um algorítimo melhor.
Ao
ser indagado por um dos clientes sobre o argumento do vendedor ávido por
desqualificar um software que nem era nosso, não resisti e perguntei: será que
por acaso, os dados no HD estão guardados em alguma caderneta? Nosso vendedor deve saber...
Soli Deo gloria.
Leonardo Amorim.
Respostas
do Portal Sped:
http://www1.receita.fazenda.gov.br/faq/efd-contribuicoes.htm